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2008/05/07

O 25 de Abril e nós!

Transcrevo este resumo, gentilmente cedido pelo nosso convidado para o Colóquio em torno do 25 de Abril, para que todos o possam ler. Considero-o uma excelente síntese da sessão que este senhor, "Capitão de Abril", nos ofereceu.
Ao Sr. Dr. Albino Luís Cal, o nosso profundo agradecimento.
Manuela Caeiro
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O 25 DE ABRIL DE 1974

1. Causas do “25 de Abril”

A. A guerra colonial


As Forças Armadas são uma instituição que é de todos, formada por todos, ao serviço de todos. A sua missão é de salvação, quando nada mais há que consiga travar uma catástrofe. Os militares têm que ter uma forte consciência nacional para não se deixarem subordinar a interesses mesquinhos ou partidários.
Mas, há 34 anos, as Forças Armadas estavam desprestigiadas e dissociadas do Povo. Estavam envolvidas numa guerra que só podia ter uma solução política, mas que o poder político era incapaz de encontrar porque não representava a Nação.
Uma solução para esta guerra injusta só poderia ser encontrada com a substituição desse poder político por outro que se identificasse com a Nação.
E, se as Forças Armadas lhe retirassem a força, em que ilegitimamente se apoiava, esse governo ilegítimo cairia naturalmente.

B. Ausência de Democracia e de Liberdade

Quem já nasceu em Liberdade e em Democracia, dificilmente imagina o que é viver num regime de ditadura, de repressão a todos os níveis e de todas as formas (policial, legislativa, judicial, com censura, etc). Mas esta era a realidade.
Só havia um partido - o do governo: a União Nacional.
Só havia uma verdade: a de Salazar e do grupo privilegiado que monopolizava o poder.
Para vigiar e defender essa verdade, existia uma polícia política: Polícia de Investigação e de Defesa do Estado (PIDE).
Para quem não concordasse, havia as prisões políticas (e a tortura e a morte).
E havia a Censura: as pessoas só tinham conhecimento, pelos jornais, pela rádio, pela televisão, pelos livros, do que o governo quisesse.

C. Pobreza / Emigração

Também é hoje difícil imaginar como era a sociedade portuguesa antes do “25 de Abril” no que diz respeito à saúde, ao ensino, à assistência social, às condições de habitação, às vias de comunicação, etc.
Hoje, muitas pessoas vivem mal, há muita pobreza, há muitas desigualdades sociais, há muitas pessoas que emigram à procura de melhores condições de vida… mas, de uma maneira geral, vive-se muito melhor. A diferença é muito grande.


2. O “25 de Abril “

Estavam reunidas as condições para que houvesse uma ruptura na sociedade portuguesa, a todos os níveis: o descontentamento, apesar da propaganda do regime, era geral.
A “esperança” em Marcelo Caetano (que sucedeu a Salazar) foi uma desilusão. Apesar de algumas mudanças de “fachada”, não houve evolução, não houve abertura. Continuou a repressão, a ditadura.
A guerra colonial era o maior problema, e foi através dessa guerra que os “capitães” das Forças Armadas (principalmente do Exército) adquiriram consciência política.
Não restava outra alternativa: só a Democracia, só a Liberdade, poderiam criar as condições para a solução dos problemas graves de Portugal em 1974.

DEMOCRACIA, DESCOLONIZAÇÃO e DESENVOLVIMENTO eram as três ideias fundamentais do Programa do Movimento das Forças Armadas.
E este Programa foi, de imediato, apoiado pela esmagadora maioria do povo português.
Foi uma verdadeira Revolução Democrática.
Seguiu-se uma conturbada fase da “conquista do poder”, principalmente durante os anos de 1974 e de 1975. Houve um “11de Março”, houve um “25 de Novembro”, mas hoje Portugal é um país democrático e livre.


3. Portugal, Hoje

A Democracia e a Liberdade não são coisas que aconteceram. São realidades dinâmicas, que têm que ser construídas todos os dias.
Também aqui nesta Escola. E nota-se o empenhamento de todos: professores, funcionários, alunos.
A Democracia e a Liberdade são para ser praticadas, vividas, em casa, na escola, na sociedade. Respeitando as ideias dos outros, respeitando a liberdade dos outros, sendo responsáveis pelos nossos actos. Construindo o nosso futuro com trabalho, com o nosso esforço individual, onde as regras e a disciplina são indispensáveis. Assimiladas conscientemente, sem autoritarismos. Dizendo SIM à participação, à amizade.
Se nos empenharmos em construir o nosso futuro de maneira consciente e responsável, participando também nas actividades colectivas, na Escola e na Sociedade, rejeitaremos, naturalmente, todas as solicitações negativas… cujos efeitos todos conhecemos.
Estaremos, assim, a construir ABRIL, HOJE, participando na construção de uma sociedade mais livre, mais justa, mais solidária.
A. Luís Cal

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