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2007/04/10

Concurso Literário: Menção Honrosa



MENÇÃO HONROSA

Concurso Literário “Era uma Vez uma Árvore…”

O Velho Carvalho

O Sol nascia, calma e lentamente, por detrás das nuvens.
Sem aviso, enviou os seus raios de luz oblíquos em todas as direcções, acordando os pequenos animais que dormiam, um pouco por todo o lado.
Ao morcego não acordavam. Refugiado na sua gruta, era daqueles que não aprecia muito a claridade…
Um dos longos raios de luz oblíquos do Sol perfurou as nuvens, e foi atravessar as folhas verdes e elegantes do velho Carvalho.
Seguiram-se-lhe um, dois, três e em seguida, muitos raios que iluminaram o Carvalho, despertando-o do seu sono profundo.
O velho Carvalho. Árvore grande, sábia e solitária, mas no entanto amiga de todos aqueles que procuravam a sua companhia, fossem Homens ou animais.
Os Homens. Na sua longa vida, o velho Carvalho tinha testemunhado mais de três vidas de um homem normal, e tinha visto muitos parentes seus perecer às mãos dessa espécie incurável. Sim… Realmente é uma espécie incurável. E que mal será esse, para o qual o Homem não encontra cura? O velho Carvalho sabe de muitas…
Vivia, dia após dia, quieto, impávido, e mostrando serenidade, apesar do seu coração estar mergulhado em escuridão e tristeza.
É que, por muito que as árvores nos tentem mostrar a sua preocupação e desgosto, às vezes sentem-se impotentes, impotência essa que se deve às raízes que as prendem à terra. E longas raízes tem o velho Carvalho. As suas raízes alcançam o mais pequeno fio de água e ouvem a mais solene das lamentações de todo e qualquer animal.
Mas apesar de imóveis, as árvores tentam demonstrar a sua tristeza. Talvez sejam as folhas caídas por alturas de Outono, as suas lágrimas, ou talvez esta seja uma tola maneira de interpretar a Natureza…
O velho Carvalho tenta viver a sua vida, mas também, vida de árvore tem pouca agitação…
O velho Carvalho medita muito sobre os males incuráveis do Homem… Quantos peixes não tinham morrido numa lagoa onde duas das suas raízes mais jovens gostavam de beber água, devido a lixos?
É difícil esforçar-me para criar uma obra poética, com vista a retratar os males do Homem contra a Natureza, sem me afundar num oceano de males de que tanto ouvis falar como a poluição, e a desflorestação.
Então questiono-me… Se conhecem estes males tão bem, porque não fazem nada para os evitar? Esta é a verdadeira lamentação do velho Carvalho.
As suas raízes mais distantes alcançaram o choro de um esquilo, e o passo acelerado de um veado, assim como os gemidos de algumas árvores com quem falava. Conseguia até sentir os murmúrios de cada grão de terra… Algo se aproximava, era o momento há muito adiado para decidir o destino do velho Carvalho… Sim, era o Homem que se aproximava, e as suas pegadas traziam o que restava dos lamentos de muitas árvores… Lamentos esses a que os do velho Carvalho se juntariam, mal a orquestra formada pelos gritos agonizantes das máquinas trazidas pelo Homem cessassem…


Rafael Garcia nº13 8º2ª

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